sexta-feira, 29 de maio de 2009

Arquitetura Eclética de Jahu (SP) - Brasil

Arquitetura Eclética é o movimento arquitetônico predominante no Brasil e em Portugal na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX.
É basicamente a mistura de estilos arquitetônicos que exibiam elementos da arquitetura clássica, gótica, barroca e neoclássica.
Estava inserido dentro da arquitetura historicista que buscava reviver através de seus diversos "neos" - neoclássico, neogótico, neoromântico, neobarroco -, os elementos mais significativos destas correntes arquitetônicas.
De maneira geral se caracterizou pela simetria, busca da grandiosidade e riqueza decorativa.
No estado de São Paulo o ecletismo arquitetônico teve em Ramos de Azevedo seu maior nome. A antiga estação de trem da Companhia Paulista na Rua Humaitá em Jaú - demolida na década de 70 para abrigar a atual estação rodoviária - foi projetada por ele.

Foto: acervo Ítalo Poli Jr.

Em Jaú (estado de São Paulo, Brasil), fundada em 1853, a arquitetura eclética é um precioso patrimônio cultural cujo valor merece mais atenção do setor público e privado.


A Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú tem promovido cursos e oficinas cujo principal objetivo é divulgar a riqueza patrimonial da cidade. Na contramão, alguns vereadores, donos ou representantes de setores cujo lucro advêm da especulação imobilizaria, tentam limitar e barrar as ações preservacionistas da cidade. Em nome do dinheiro fácil querem privar a cidade deste importante patrimônio cultural capaz de gerar renda através do turismo.





Fotos - Julio Cesar Polli 2008/2009

Conheça um pouco da História de Jaú...

quem gostou.. posta um comentario.. obrigado

domingo, 3 de maio de 2009

O testamento de Thereza de Assis Bueno


Thereza de Assis Bueno era filha de Leonor de Almeida Prado (natural de Itú e irmã de Major Prado e Lourenço Prado) e de Francisco de Assis Bueno. Ao morrer solteira em maio de 1926 a grande surpresa - Thereza deixa em testamento suas terras aos 7 descendentes de seu ex-escravo de nome Jonas. Acompanhe essa interessante história que foi publicada no Comércio do Jahu, em 22 de julho de 2006.
"Jaú, maio de 1926. No início do século 20, a próspera cidade do centro-oeste paulista vivia os tempos áureos das fazendas de café. Os donos de terras acumulavam riquezas que durante anos seriam capazes de garantir aos seus descendentes uma vida estável e luxuosa.

Num período em que o papel da mulher na sociedade era apenas o de gerar e criar filhos, surge a figura de Thereza de Assis Bueno. Solteira e herdeira de uma das famílias mais tradicionais do Município, a personagem rompeu com todos os padrões vigentes e aceitáveis na época ao deixar uma parte de sua afortunada herança aos sete filhos de seu ex-escravo, Jonas de Assis Bueno.

O testamento de Thereza, lido em 6 de maio de 1926, um dia após a sua morte, chocou a tradicional sociedade jauense. Inconformados, alguns integrantes do clã Assis Bueno alegaram que a mulher sofria de insanidade mental, e que sua condição de analfabeta não permitia que ela escrevesse e assinasse o testamento.

"Mas 14 testemunhas compareceram ao tribunal para defender a veracidade do comuneto", informa a historiadora Norma Botelho, que coordena o projeto Jahu na Vanguarda do Processo Histórico, desenvolvido pelo programa Universidade Aberta à Terceira Idade.

Segundo a pesquisadora, os coronéis Lourenço Avelino de Almeida Prado, parentes próximos de Thereza, asseguraram ao júri que a distinta senhora sabia ler e escrever, e era dotada de uma grande inteligência. "José Lopes Rodrigues, gerente do Banco Melhoramentos, também intercedeu afirmando que ela administrava seus próprios negócios, e que sempre comparecia à agência para efetuar as transações."

Depoimentos como esses fizeram com que o juiz decretasse a veracidade do testamento, e os sete filhos do ex-escravo receberam a posse de todas as terras que pertenciam a Thereza de Assis Bueno.

Zélia Lúcia Américo de Castro, bisneta de Jonas de Assis Bueno, lembra com saudosismo da história mais contada durante sua infância. "A dona Thereza doou as terras aos filhos do meu bisavô por entender que, como escravo fiel e trabalhador, ele ajudou a construir sua riqueza."

De acordo com Zélia, os descendentes dos filhos de Jonas de Assis Bueno ainda têm a posse das terras herdadas, localizadas nas imediações do Jardim Jorge Atalla. "Muitos ainda moram na fazenda. Recebemos um presente valioso."

Na opinião de Norma Botelho, a partilha dos bens de Thereza representou muito mais que uma briga em familia. "O caso envolveu toda uma questão étnica, na qual os negros tomaram o lugar dos brancos. Algo inédito numa sociedade tradicional como a de Jaú."

A historiadora considera Thereza de Assis Bueno uma mulher à frente de seu tempo, que agiu de acordo com sua própria vontade na busca de seus ideais."
Acima, a Capéla onde repousam os restos mortais de Thereza de Assis Bueno, localizada na parte antiga do Cemitério Municipal de Jaú.
É triste o estado de abandono de seu sepulcro.


Foto do túmulo de Leonor de Almeida Prado, falecida em 13 de agosto de 1895 , mãe de Thereza de Assis Bueno.