quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Arte, Histórias e Versos no Cemitério de Jaú - um pouco de tudo...

Arte: A Santa Therezinha de Roque de Mingo no Cemitério Municipal de Jaú Ana Rosa de Paula.

(Quadra A, Rua I, nº 5)

Na obra de Roque de Mingo é possível perceber a semelhança da foto da Santa Therezinha e qualidade do artista em reproduzir com tamanha perfeição a mesma forma física da Santa (*) (Teresa de Liseux - Alençon, 2 de janeiro de 1873 - Liseux, 30 de setembron de 1897 - foi uma relisiosa carmelita francesa e Doutora da Igreja. É conhecida como Santa Tereza do Menino Jeus e da Santa Face ou, popularmente Santa Terezinha).

acesado em 29/09/2010

Versos : Mário Quintana escreveu sobre o Cemitério pelo menos dois versos que dizem respeito ao imaginário sobre a morte, um deles é este: (*)

Inscrição para um portão de cemitério

(Quadra A, Rua R)

Na mesma pedra se encontram conforme o povo traduz,
Quando se nasce uma estrela
Quando se morre uma cruz
Mas quantos que aqui repousam
Hão de nos emendar-nos assim,
"Ponha-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!..."

Mário Quintana

(*) A pedra é do Cemitério de Jaú


Histórias / Mitos: Viviane TufiK Curi


É tida como "santinha", "beata", pois realiza segundo a crença popular milagres. Viviane faleceu muito nova. Antigamente essas crianças novas falecidas eram chamadas de "anjos" pois não tiveram tempo nem de pecar, faleceram então sem pecados. Esses "anjos" poderiam interceder perante a família.
Em algumas sepulturas de anjos é possível ler o pedido da família pelo zelo do "anjinho" que retornou a pátria espiritual.


Histórias / Mitos : A estátua do "Túmulo da Caveirinha"

(Quadra B, Rua K, nº 34)

Muito se fala do "Túmulo da Caveirinha" mas nada, absolutamente nada sobre a imagem que a caveira faz parte. Trata-se de São Gabriel da Virgem Doloros (*vide biografia abaixo).
A Família de Miguel Di Martino (ou Martino), italiano que aportuguesou o nome como muitos dos nossos antepassados, faleceu Miguel Martins, era ótima pessoa sendo conhecido como "Miguelão". Miguel e sua esposa eram devotos deste santo desde os tempos da Itália. Quando ele faleceu sua esposa encomendou uma estátua do santo da qual a família é devota ainda hoje.
A família pede para o santo, o povo pede para a caveira.

(*) Nasceu no ano de 1838, na cidade de Assis, de família nobre. Embora tenha perdido muito cedo sua mãe, recebeu do pai ótima educação na fé e piedade. Seu nome de batismo era Francisco e era um jovem muito inteligente. Gostava de teatro, bailes e leitura de romances. Francisco estava com os pés, como que em duas canoas, já que piedoso e, muitas vezes, arrependido dos pecados, ainda dava brecha ao inimigo através de vaidades. Desde cedo era chamado ao sacerdócio, mas sempre ia deixando de lado seu chamado e suas promessas. Deus, porém ia batendo-lhe no coração, mas sempre resistia.
Foi atacado duas vezes por grave enfermidade. Prometeu entrar num convento, caso obtivesse a cura. A cura aconteceu, mas ele voltou atrás, até que aconteceu algo doloroso para ele: a morte de sua irmã Luisa, a quem tanto se dedicava. Esse fato feriu seu coração, deixando-o desiludido da vida. Foi durante uma procissão de Nossa Senhora da Glória, que sentiu na alma as palavras: “Francisco, o mundo não é para ti; Deus te quer no convento”. Deixou tudo para trás. Tomou o nome de Gabriel e consagrou-se a Deus. Enfrentou o sofrimento da tuberculose e preparou-se santamente para a morte, onde Deus o recolheu aos 24 anos de idade. Era o dia 27 de fevereiro de 1862. Milagres de cura aconteceram já durante o seu sepultamento. A vida de São Gabriel nos mostra claramente que Deus tem os seus caminhos quando põe os olhos num escolhido.

http://congregacaodagloria.blogspot.com/2009/06/5-sao-gabriel-da-virgem-dolorosa.html

acessado em 8 de setembro de 2010.

Versos / Histórias : Apolônio Hilst e o verso de sua filha em seu epitáfio.


De sua filha, Hilda Hilst para ele em seu epitáfio:


E ainda que as janelas

se fechem

meu pai é certo

que amanhece


De Apolônio Hilst sobre a liberdade:

É alta e loira.
E nem ouro e altura estilizada.
Orgulhosa e soberana,
tem pose, gestos, figura
e formas de escultura
parnasiana.
Mais nada.

De olhos cor da cinza, tristonhos,
olheiras, spleen ou sono,
não sei se filha dos meus sonhos
ou figura de abandono.
Dizem que tem uma paixão atlântica
por certo moço louro e nunca
lhe diz nada.
É uma balada
romântica.

Não sei da cor, não sei da altura,
não sei do gesto.
Há nela tal mistura
de traços, cor, formas, posturas,
chipre e sândalo
que a estes meus olhos de burguês honesto
é um escândalo
de formosura!
É a mais mulher por ser a mais artista:
um poema futurista...

sábado, 25 de setembro de 2010

Terceiro passeio noturno ao Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula de Jaú em 25-09-2010

Eu e a estátua "Saudade" de Eugênio Prati

Apesar da frente fria que chegou em nossa região logo após as 12:00 h trazendo chuva e uma previsão não muito otimista de chuva a noite e pelo fim de semana a fora, tivemos o 3º passeio noturno ao Cemitério Ana Rosa de Paula de Jaú (SP).

Com participação estimada de 30 pessoas, a tour ocorreu sem nenhum transtorno. Além do ótimo publico, que não foi maior pela apreensão da chuva, a TV Record esteve presente e cobriu o evento.

Depois de trocarmos informações durante o passeio, quase no final, a Lua mostrou sua fase como a dizer "boa noite".

Ah! só para registrar, esta o maior calor e nem uma gota de chuva neste sábado até agora...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Patrimônio Histórico - Os mistérios da Arte Cemiterial de Jaú

Texto publicado na Revista Etapa nº81 ano X julho/agosto 2010, páginas 30 - 31 texto e fotos Fernanda Élle

Patrimônio histórico

Os mistérios da Arte Cemiterial

Acervo tumular do Cemitério de Jaú está entre os poucos do Estado de São Paulo com potencial para visitação turística

Túmulos, ossos... Quando o assunto é cemitério, somos levados a pensar em várias coisas já presentes em nosso imaginário. A última delas é que a chamada “casa dos mortos” possa ser um roteiro artístico e cultural.

Pois é bem isso que está acontecendo no Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula, localizado na Avenida Frederico Ozanan. Sob a orientação do historiador Júlio Polli, passeios guiados por entre os jazigos estão atraindo grupos de jovens, adultos e idosos, que se maravilham com as belas esculturas, o significado dos símbolos tumulares, as histórias de ilustres personagens, além de fatos curiosos sobre o local.


Para Polli, a arte cemiterial ou tumular está intrinsecamente ligada aos valores artísticos, culturais, sociais e econômicos de uma época. “O tipo de construção, o material empregado, os símbolos presentes nos túmulos e mauzoléus denotam a expressão de como a pessoa viveu num determinado tempo e espaço, fazendo deste recinto mais que um museu de arte a céu aberto, um verdadeiro patrimônio histórico que necessita ser preservado”, afirma o historiador. “A grande maioria dos sepulcros antigos, principalmente os de estilo capela, possuem traços relacionados ao estilo gótico. Apenas uma unidade tumular apresenta construção arquitetônica no moderno estilo art déco”, diz, fazendo referência à capela, onde se encontram enterrados os restos mortais de José Veríssimo Romão.

Signos da Morte

Anjos, colunas quebradas, tochas, guirlandas, âncoras e foices (ou ceifadeiras) estão entre os símbolos tumulares que podem ser encontrados no Cemitério de Jaú. Segundo o historiador jauense, cada peça possui um significado alusivo a interpretação que os familiares faziam da vida dos entes mortos. “Assim, a figura de anjos, apontando com a mão, em geral a direita, para o céu representam a crença de que o falecido tenha ido direto para o céu ou paraíso. Já o anjo pensativo mostra que a família não estava tão certa quanto à sua absolvição”, ele conta, ressaltando que as esculturas de anjos estão entre as mais numerosas do Cemitério de Jaú.

Também o fogo, símbolo da purificação, está presente em muitos sepulcros sob diversas formas. “Temos a chama de fogo que sai de uma urna, onde o fogo representa a destruição das forças do mal pela purificação e a urna, o símbolo do luto grego; as tochas possuem a mesma simbologia ligada à purificação, sendo que as tochas invertidas representam a morte, o sentido contrário da vida”, explica Polli.

Símbolo de solidez, estabilidade social e pessoal, as colunas chamam a atenção pela imponência que transmitem aos jazigos. Já as colunas quebradas são usadas para representar a morte de jovens e crianças, em alusão à vida que se quebrou. Segundo o historiador, por conta da ocorrência de vários túmulos com essa ornamentação numa mesma área do cemitério e por desconhecerem o significado dos símbolos funerários, circula uma lenda popular que conta que destroços de um avião teriam caído ali, acarretando na quebra de tais colunas.

Ramos de palmas, que simbolizam a ressureição, e as iniciais gregas do nome de Cristo XP (qui/rô) podem ser observadas em várias inscrições tumulares, indicando a religiosidade da família e a crença na salvação após a morte.

Outro símbolo que também é facilmente encontrado nas incursões pelo cemitério é a ampulheta, que remete à transitoriedade da vida, o tempo que se esvai. A ampulheta alada está ligada ao sentido do tempo que voa.

Arte Narrativa

Parte também do estudo da arte cemiterial, as narrativas constituem importantes registros sobre a vida dos mortos, revelando os seus feitos ou o caráter de suas relações sociais. Alguns túmulos apresentam inscrições com declarações de amor e saudades dos familiares, com homenagens póstumas ou poesias . Outros mostram biografias destacando o aspecto benfeitor do parente falecido.

Entre as surpresas que o Cemitério Municipal reserva estão inscrições tumulares em inglês e em árabe , provenientes de antigos imigrantes.

De tudo um pouco

O acervo tumular do Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula ainda abriga obras de beleza estética apurada e constitui um dos poucos do Estado de São Paulo com potencial para visitação, de acordo com Júlio Polli. “É pena que, além do desgaste natural do tempo, esse nosso patrimônio histórico se encontre ameaçado pela ação humana”, diz ele fazendo referência aos atos de vandalismo e ao problema do déficit de vagas para enterro. Como não há mais áreas disponíveis muitos túmulos antigos já foram destruídos ou estão ameaçados de sê-lo para dar lugar os novos jazigos.

Fatos curiosos

Durante o passeio de quase três horas, nossa equipe de reportagem acompanhou o historiador pelas vielas estreitas do Cemitério Municipal – grande parte das ruas que davam acesso às quadras do local foram loteadas pelo problema do déficit de vagas para enterro – e se deparou com fatos, no mínimo, intrigantes.

Um deles é o caso Annita Toledo. Nascida em 27 de janeiro de 1910, ela veio a falecer em 11 de novembro 1922. Annita morreu jovem, sim. Até aí nada de anormal. O fato curioso é que ela se encontra em dois túmulos! Um praticamente atrás do outro!

Outro fato que nos chamou a atenção foi um jazigo em que o animal de estimação foi enterrado no jazigo da família Camargo. A cachorrinha “Lalis” possui inscrição com foto e tudo o mais. A cachorrinha faleceu aos 16 anos, em 24 de janeiro de 2009

O túmulo de Miguel Martins (5/3/1873 – 15/08/1950), com a imagem de uma caveira sobre a Bíblia, é um dos locais mais visitados do cemitério. O motivo: grande número de pessoas vêm até o túmulo fazer os seus pedidos, que crêem serem atendidos pelo falecido.

OBS MINHA : O Santo da Caveirinha é "São Gabriel da Virgem Dolorosa"

ERRATA: A cadelinha "Lalis" não esta enterrada como informei a jornalista e sim apenas sua foto esta no túmulo, como uma forma de cultuar a memória do animal de estimação querido.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: Fernanda Élle e a Cléo Furquim. Vocês são demais!!

domingo, 19 de setembro de 2010

Ventos de agosto em Jaú


Realmente como disse Eurípides Martins Romão, depois da maravilha dos Ipês essa matéria escrita por Célio Teixeira Junior sobre as ditas árvores da vontade de chorar. Gostei muito desta visão pois era um desses que só via no mês de agosto, o vento, a poeira, a seca e as queimadas. Agosto tem muito mais que isso.

Foto de Waldete Cestari


O mês de agosto, o ipê amarelo e o aniversário de Jaú, por Célio Teixeira Júnior


Dizem que gosto não se discute e há gosto para tudo nesta vida. Muitos, por exemplo, não gostam do mês de agosto, pois dizem que é agoureiro. No meu tempo de infância era comum se dizer que agosto era o mês do cachorro louco. Além disso, agosto é um mês enfumaçado, normalmente seco, de ventos que cortam e assobiam, do pó cinzento que se levanta, de dias quentes e de noites frias. Neste mês a paisagem é tosca e há no ar uma espécie de nostalgia do inverno que se despede e anseio pelo romper da primavera que é coisa do mês que se avizinha.
Agosto seria realmente um mês sem graça se não fosse, a meu ver, o mês em que florescem os ipês. Não sei se isso vem de berço, de paixão cravejada na alma, de saudades de minha terra natal, de lembranças que tenho da infância ou de simples admiração por aquilo que realmente é digno de ser admirado. O fato é que ipês amarelos me fascinam, me encantam, causam-me deslumbramento e despertam em mim um sentimento de gratidão, de adoração ao Criador pelo seu capricho nesta obra prima.
Já parei na estrada para olhar ipês, já sai de casa para ter o prazer de admirá-los e já sonhei também com a cidade-jardim do porvir, onde as praças serão de ouro e os adornos de pedras preciosas e onde, quem sabe, haverá de ter uma alameda ou outra cheia de ipês, de chão salpicado das flores amarelas que serão também de riqueza igual ao ouro que cobre as praças. Talvez tudo isso não passe de devaneio, de quimera ou utopia. Prefiro, quem sabe, chamar de esperança, de sonho acalentado, de desejo guardado na alma que anseio um dia realizar.
Enquanto este dia não chega, faço, no meio do mês de agosto, uma reflexão. As flores do ipê são efêmeras. Elas se espalham pelas ruas, pelas praças, pelas estradas e avenidas. Mas logo não existirão mais. Serão varridas pelo vento, pelos garis e donas de casas. Quis a providência de Deus que fosse assim. Talvez para nos ensinar que tudo passa rapidamente e que nós “voamos”. Somos como a “folha que o vento dispersa”, ou, para fazer jus à nossa mensagem, como a flor do ipê que desparece. Mas quis também a providência de Deus que no mês de agosto, da florada dos ipês, a cidade de nossa morada fosse emancipada. Parabéns Jaú pelo seu aniversário.
No passado, como diz o hino, foi “a glória do cafezal, o marco do progresso que hoje mora em teu brasão”. Em dias atuais os canaviais circundam esta terra e movimentam sua economia. O peixe bravio deu nome à cidade. Como sugere o compositor, Jaú nasceu com a vocação de ser altaneira pela força e coragem do seu povo, de alçar voos pelo exemplo de seu filho ilustre. Mas eu me atrevo a dizer também que a cidade precisa sempre aprender a lição da flor do ipê. Falo assim porque há uma espécie de simbiose entre os dois: ambos “florescem” em agosto e a cidade aprende a lição da árvore que é tão bela. Cidades são feitas também de cores, matizes e poesia. Os seus magistrados devem reconhecer sua transitoriedade e procurar cultivar valores que saltem para vida eterna.
Espero que os cidadãos daqui plantem mais ipês e que façam com que os meses de agosto não sejam somente enfumaçados. Se temos que plantar cafezais e canaviais para nos enriquecer, que jamais nos esqueçamos da flor do ipê, pois a vida não é só comida, mas, como disse o poeta, “comida, diversão e arte”. Se é necessário fazer girar a economia, é necessário também cultivar sonhos, plantar esperança, servir de abrigo para alguém, fazer caminhos mais belos para os nossos pés e colorir a vida que, às vezes, é tão cinza. Aos filhos de Deus que moram aqui, lanço um desafio: floresçam como a flor do ipê, que não se importa com o estigma do mês de agosto, com a ausência da chuva que ainda não veio e com o vento que sopra com força. Talvez, quem sabe, agindo assim, no jardim onde Cristo espera os seus, ele os faça assentar debaixo de um dossel enfeitado de flores, das flores do ipê amarelo que floresce no mês de agosto, mês de aniversário da cidade de Jaú.

Célio Teixeira Júnior é pastor da igreja presbiteriana de Jaú.
revctj@uol.com.br

publicado no jornal Comércio do Jahu em 21 de agosto de 2010, Opinião/Artigos

sábado, 18 de setembro de 2010

Passeios no Cemitério - Arte, Cultura e Memória no Cemitério Municipal de Jaú

Balanço dos passeios ao Cemitério de Jaú

Primeiro passeio noturno ao Cemitério de Jaú - Sexta feira 23 de julho de 2010, meu 36º aniversário de vida comemorado num lugar um tanto quanto diferente...


O primeiro passeio que fiz ao Cemitério foi num Sábado (chove-num-molha) dia 08 de agosto de 2008 e fez parte do Curso sobre Educação Patrimonial.

Fazendo um balanço sobre o sucesso que os passeios ao Cemitério Municipal de Jaú tem obtido desde junho de 2010 (mais de 300 pessoas já passaram pelo tour patrocinado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú) meu realismo otimista não seria facilmente aceito sem provas, talvez poderia ocorrer aos outros que sou louco ou, na melhores das hipóteses ser mais um mero sonhador, mas... senhoras e senhores sou pragmático. Um dom que Deus me deu...

Anos atrás quando dizia aos que pensei serem meus amigos ou alguns parentes: "farei um passeio ao Cemitério onde resgataremos a História da nossa cidade" - fora os rostos retorcidos - já rebatiam os corajosos: "não dará certo isso em Jaú". Os covardes apenas escutavam ou fingiam escutar. Por que não lograria êxito na empreita? É certo que a idéia é nova e um tanto o quanto diferente mas não esta embutido nela o principio desencadeador do conhecimento ou seja, a dúvida! a curiosidade! E quantas curiosidades não pairam sobre essa temática? Ora... ora... Ensina-se tudo no Cemitério, desde matemática (aff) através dos seus números e estatísticas, até enfermagem ao resgatar o cotidiano das pessoas. Sem contar geografia, educação artistica, língua portuguesa e é claro a mais bela de todas as ciências - A História!

Perguntam-me agora: "O que vocês vão fazer no Cemitério a noite?" - ou - "O que se tem para ensinar ou estudar lá?". Tantas respostas cretinas me aparecem na mente mas não é função minha desdenhar da ignorância alheia ou de quem, na maioria dos casos, quer desdenhar de mim, aliás, acredito que estou ensinando, informando, criando um novo hábito, uma nova opção de laser, e por que não? Na Europa já o fazem a décadas.

Porém, alguns estudiosos e eruditos criticam com o brado retumbante nos bares, botecos, ouvidos e telefones e afins: "Esta tudo errado o que ele diz", "Queria saber qual a temática para um passeio noturno" e outros ainda dizem-na diretamente a mim...! "O maior erro da imprensa é te chamar de historiador não é Julio?"

Confesso que estas respostas abaixo não são para os meus amigos e nem para vocês leitores do blog, mas aos inimigos do saber, aos amargurados com a vida. Então lá vai...

Não, não é o maior erro da imprensa me chamar de Historiador porque eu SOU Historiador. Minha pesquisa é viva mesmo falando de morte. Não esta engavetada ou mesmo arquivada a anos em uma prateleira para fazer volume, ou como queiram, dar "títulos" aos eruditos inclusive a quem me disse isso. Qual é o tema do seu doutorado mesmo? Hummm pesquisa morta.

Quer saber a temática de se passear a noite? junte-se a nós no próximo passeio e você sentirá toda a magia que existe neste Campo Elísio. Indescritível. Não é necessário temática, o tema é o estudo, o horário é que é diferente e isso é que torna atraente e é a razão do sucesso.

E por último, não estou falando nada errado que não esteja de acordo com os estudos de Arte Cemiterial que se tem produzido no Brasil e nos países do qual somos depositários da cultura, como Portugal. Aliás, falo da verdade que conheço e que construo que me ensina a metodologia científica. Já disse antes, sou pragmático.

Aquele que tiver ouvido de ouvir que ouça...

"Os Iluminados" - Segunda turma do curso de Pedagogia das Faculdades Integradas de Jaú, alunos da professora Marília de Araraquara - Sábado dia 19 de junho de 2010.

Primeira turma do curso de Pedagogia - Iniciando os trabalhos - 24 de agosto de 2009

Passeio no sábado de tarde dia 14 de agosto de 2010. Aprendizagem mesmo em grupos pequenos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cemitério Municipal de Jaú "João do Rego" - Distrito de Potunduva

Estátua mais antiga
Detalhe do túmulo em mármore carrara.
Outros túmulos antigos sem identificação.
A área nova
Portão lateral que da acesso a parte "nova" do Cemitério João do Rego

Este é outro cemitério ativo de Jaú, aliás agora é o único no qual existe a possibilidade de compra de terreno antecipado. Trata-se do Cemitério Municipal João do Rego, localizado no distrito de Potunduva.

É simples e pequeno, possuindo alguns túmulos antigos (década de 20 do século passado). "É que as pessoas eram enterradas na terra moço" - foi o que me respondeu uma senhora quando indaguei sobre os poucos túmulos no cemitério devido a longevidade da História nesta localidade. Enterrada ou não, a História de Jaú nasceu na Potunduva.

Cemitério de Jaú - Jesus e os três gatos

Jesus e os três gatos

Hoje a tarde (17-09-20100 fui contemplando com essa galera descansando a sombra no Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula de Jaú. Ainda bem que estava com a máquina pronta.



Gatos e a coluna quebrada.

sábado, 11 de setembro de 2010

Capoeira em Jaú - Mestre Nino pioneiro desta arte em nossa cidade.


Vejam um pouco de como foi a festa...

Link do You Tube para quem deseja baixa-lo:


(Capoeira Bantus - Mestre Nilson)

Hoje meus queridos amigos e amigas tive a honra de presenciar um fato histórico em nossa cidade sem precedentes. Primeiro foi o fato do Professor Doutor Antonio Galdino Grillo, o Professor Nino, ter completado 72 anos de idade. Até ai nada de tão anormal enfim as pessoas fazem aniversários todos os anos. O fato importante porem é mais profundo - reside no questão de ser o Professor Nino o pioneiro da capoeira em Jaú. Isso mesmo, o doutor em literatura, o lutador de Karate e judô, o estudioso de grego, o grande músico baterista (e sei lá mais quais aptidões que existem neste grande jauense), também trouxe para Jaú a Capoeira a cerca de 40 anos atrás ensinando esta arte a garotos no fundo do seu quintal. Hoje existem ao menos 6 academias de capoeira em Jaú.


Mestre Nino escolheu dentre tantos lugares para comemorar essa data histórica simbólica a academia do Mestre Nilson, a Capoeira Bantus localizada na Rua Humaitá, 1713. Confesso como professor de História - com muita vergonha - que não conhecia uma roda de capoeira e que nunca havia visto in loco tal manifestação que é muito mais que um simples esporte - é uma filosofia de vida. Emocionei-me e vendo aqueles gingados das crianças e jovens, dos adultos e senhores, procurei dentro de mim por um instante, esse ser branquelo descendente direto de europeus, algo de negro em mim, um gene talvez pois assim sentiria-me um brasileiro completo. Encontrei-o no meu avô materno. Senti então alivio e orgulho de ser brasileiro completo e de ter algo de "negro" em meu ser -esse povo tão sofrido mas batalhador, que através da capoeira uniu nossos povos. Hoje a capoeira é praticada em mais de 150 países e todos os professores, seja da Australia ou da Alemanha, obrigam seus alunos a cantarem suas ladainhas em português.


(Membros da Capoeira Bantus tocando seus instrumentos acompanhados do Mestre Nino)

Nesta festa que ocorrida hoje dia 10 de setembro de 2010 na cede da Capoeira Bantus quem ganhou o presente foram nós os participantes e platéia que fomos contemplados com lindas Histórias contadas pelo Professor Nino além das apresentações.


(Mestre Nino falando sobre a História da Capoeira no Brasil)

Agora repasso algumas palavras mencionadas pelo Mestre Nilson por razão desta ocasião:

"...importante falar que pouquíssimas cidades no mundo tem uma História semelhante a nossa pois observe que a
capoeira foi criada e praticada por escravos no Brasil até a aboliçao quando surge a primeira geraçao de não escravos, esses mestres da primeira geração ensinaram a próxima (2) que ja ésta incluida ai os professores do mestre Nino ( o Grande Mestre Suassuna) , que ensinou meu mestre (Mestre Betão) (3) , e olha eu aqui, falando com vocês.
Sou Mestre Nilson Capoeira Bantus , herdeiro direto do mestre Betão. Desses 40 anos participei sem sair até o momento por 28 anos."


(Ladeado pelo Mestre Nino membros da Capoeira Bantus posam orgulhos para a foto histórica)


(Eu e o Mestre Nino - a foto saiu borrada, mas é visível a nossa alegria)


(O tradicional "Parabéns" e as velas que insistiam em não apagar)

...e que elas nunca se apaguem Professor Nino, pois o senhor nos enche de orgulho.


Reportagem que o Comércio do Jahu publicou sobre o assunto no dia 11 de setembro de 2010

Há 40 anos, praticantes de capoeira enfrentavam preconceito



Considerada excepcional sistema de autodefesa e treinamento físico, que reúne características peculiares de luta, jogo e dança, a capoeira chegou a Jaú há 40 anos, pelas mãos e pés de Antonio Galdino Grillo, o Nino, 72 anos. Em agosto de 1970, montou uma academia no quintal de sua casa, na Rua 13 de Maio. Enfrentou preconceitos, persistiu, formou outros mestres e ensinou várias gerações de praticantes.
Nino aprendeu a jogar capoeira com os mestres Suassuna e Brasília, em São Paulo, na Academia Cordão de Ouro, a partir de 1967. Era baterista consagrado e havia tocado com Zimbo Trio, Dick Farney e até com um dos maiores trompetistas do jazz, Dizzy Gillespie, em 1961, na boate Farney’s, que ficava na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo.
Com o mestre Brasília, aprendeu o estilo da capoeira angola, o mais antigo, que tem como características o ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos, próximos ao solo, e muita malícia. O mestre Suassuna transmitiu-lhe os ensinamentos da capoeira regional, que mistura o estilo da angola com o jogo rápido de movimentos, golpes mais rápidos e secos. Quando montou sua academia em Jaú, era batizado e cordão azul.
“Fui formando a academia com os vizinhos, moradores próximos a minha casa”, lembra Nino. Com o tempo, o número de jogadores cresceu, a procura se intensificou, embora o preconceito se fizesse sempre presente. “Cheguei a levar alunos para apresentação em escolas de Mineiros do Tietê, nas quais contava a história da capoeira, que foi a primeira manifestação de liberdade nesse País”, comenta. “Em Jaú, nenhuma escola quis saber.”
Nino formou capoeiristas que se tornaram entusiastas como Acúrcio Nascimento, Malvina Nascimento - que consta ser a primeira mulher capoeirista do Brasil – e mestres, como Norberto B. de Melo, o Betão, já falecido. “Betão foi meu melhor aluno. Passei minha academia para ele em 1976 e passei a me dedicar à Língua Portuguesa, embora continuasse dando aulas de capoeira aos fins de semana.” Nino é professor doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto e ministra curso de redação há vários anos em Jaú.
O Município, com Nino, Betão, Nilson Rosa, Marcial Augusto Lopes, Caculé, Silvio e outros se tornou grande formador de jogadores e divulgador da prática capoeirista, que foi tombada como patrimônio histórico imaterial e incluída como modalidade brasileira nos Jogos Regionais e Abertos. Segundo Nino, a capoeira de Jaú foi 28 vezes campeã paulista e três vezes campeã brasileira. “Hoje o mestre Marcial preside a Federação Brasileira de Capoeira”, diz.

Origem

O professor Nino conta que a capoeira surgiu entre 1624 e 1625, na época em que o Brasil sofreu invasão pelos holandeses. No confronto, que reuniu portugueses, mestiços, índios e negros africanos de várias etnias contra os invasores, houve fuga de grande número de escravos, que se embrenharam nos capões de mato, as capoeiras. Perseguidos por capitães-do-mato, desarmados, em inferioridade numérica, os negros, que seriam da etnia Bantus, passaram a observar na natureza um pássaro conhecido por uru. “Trata-se de pássaro que briga gingando e só com os pés”, relata. “Incorporando os movimentos do pássaro as suas danças, criaram uma maneira de se defender dos perseguidores.”
Hoje, segundo Nino, há 8,5 milhões de praticantes da capoeira no mundo todo. “Há mais de 400 mestres de capoeira ensinando, em português, somente na Europa”, diz. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que a capoeira está presente em mais de 150 países e é a maior embaixadora da língua portuguesa no mundo. (JRAP)



terça-feira, 7 de setembro de 2010

Turistas cariocas visitam a Matriz Nossa Senhora do Patrocínio de Jahu em 05-09-2010

Demonstrando para os céticos e destruidores do patrimônio histórico arquitetônico que o turismo de passeio já é uma realidade e um movimento irreversivel em Jaú publico algumas fotos do passeio realizado no domingo dia 05 de setembro de 2010 com este animado grupo de 36 cariocas que vieram e se hospedaram em Jaú. Não vieram apenas para as compras muito embora isso seja um atrativo turístico forte (o turismo de compras) para a cidade quiseram antes conhecer a História de Jaú.
Os turistas ficaram encantados com a beleza da nossa igreja e tiraram muitas fotos em duas horas de passeio no majestoso templo, nosso cartão postal, neste caso, tirando fotos da imagem da Nossa Senhora do Patrocínio.
Após conhecerem a Matriz, fizemos um breve passeio pelo entorno da matriz e pela praça Siqueira Campos. Todos reconheceram de pronto Newton Braga, carioca e co-piloto do nosso herói João Ribeiro de Barros. Na foto acima, a dona Jacira não se aguentou e deu aquele abraço em nosso comandante.

Logo após o passeio panorâmico dirigimo-nos ao Território do Calçado. Enquanto aguardavam suas esposas esse grupo preferiu esperar tomando "umas" cervejinhas. Eu fiquei apenas na Coca-Cola... claro... guia não pode beber em serviço... ou pode?

Após as compras, pose com as sacolas. Em respeito a ética de não ser um "guia sacoleiro" não recebi e nem distribui comandas para ganhar comissão sobre as vendas. Aqui uma critica ao Território do Calçado...que lugarzinho mais feio e mal conservado esse onde é o ponto de encontro dos turistas.
Na seqüência almoço em Jaú e a tarde passeio de eclusa na Barra Bonita. Como eu, Daniel Rosalem, pensamos e acreditamos na regionalização do turismo.
Na foto a guia carioca Aparecida e eu com a camisa do Galo, ao fundo, as margens do Rio Tietê durante o passeio de eclusa. Cultura, entretenimento e compras, tudo pode se conciliar havendo união. Todos saímos ganhando com isso.

Abaixo matéria do jornal Comércio do Jahu publicada hoje dia 07-09-2010 que tratou um pouco desse assunto.


Projetos em Jaú incluem visitas ao cemitério e à igreja matriz


A Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú renovou o contrato do projeto da oficina de arte cemiterial do pesquisador e historiador Julio Cesar Polli, até dezembro deste ano. Desde junho, a parceria permite visitas gratuitas ao Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula para que a população possa conhecer fatos históricos e culturais da cidade pela arte de túmulos e personalidades municipais.
Os passeios ocorrem durante o dia e são abertos à população e às escolas. De acordo com Polli, cerca de 300 pessoas participaram das atividades diurnas e 95 estiveram presentes nas duas excursões noturnas, que devem ser feitas uma vez por mês.
“O atrativo da noite é a curiosidade do ambiente que as pessoas não costumam estar. Foi uma experiência nova e um desafio”, comenta. Polli informa que pretende realizar sarau noturno para resgatar o caráter artístico da cidade, com encenação de atores de obras de Hilda Hilst, entre outros.

A renovação do contrato inclui o Projeto Patrimônio Histórico Cultural da Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio: História e Significados, que trata da divulgação da história da cidade por meio do templo.
A primeira visita ocorreu na manhã de anteontem com grupo de 36 turistas, que vieram a Jaú para conhecer a história da local. O enredo começa com o surgimento da capela e a evolução urbana, até a construção da igreja no estilo neogótico. (Da redação)