segunda-feira, 18 de julho de 2011

Arte Cemiterial de Jaú, cultura e turismo com educação patrimonial

A Arte Cemiterial em Jaú só foi possível pela riqueza do café. Jaú foi a maior embarcadora de café de São Paulo quando o estado era o maior produtor mundial da rubinácea. Impregnado do pensamento positivista de valorização dos feitos heroicos e patrióticos os monumentos foram construídos para admiração. Sua leitura permite interpretar a vida e a morte destas pessoas. Este cemitério foi o terceiro construído na cidade em outubro de 1894 dentro da concepção higienista. A arquitetura é eclética de predominância neo-gótica mas encontramos elementos em Art Decot e Art Noveau. Cheio de curiosidades, rica em fatos e personagens o estudo do cemitério jauense é uma rica aula de História e Arte. Atualmente somente quatro cidades paulistas fazem passeios turísticos em cemitérios: o da Consolação na capital paulista, o de Guarulhos, o de Piracicaba e o de Jaú. Passeios noturnos só ocorrem aqui no Brasil. Na América Latina, depois de Jaú, somente Chile e Colômbia fazem passeios noturnos.


Vista panorâmica da área antiga do cemitério de Jaú - 2011


Um típico "habitante" da necrópole jauense


Foto da cadela "Lalis", única foto de animal no cemitério.


Estátua "Saudade" - obra do famoso escultor ítalo-brasileiro Eugênio Prati...


...que adorna o túmulo de Vitor Cesarino.


Detalhe do túmulo dos Heróis Constitucionalistas de 1932. Traços do modernismo. 


Estátua de Maria de Roque De Mingo - quatorze estátuas catalogadas no cemitério jauense.


Busto esculpido pelo artista jauense Agnelo Lourenzão



Túmulo mais antigo em pé no cemitério - reserva especial nº 6 ...


...de Dona Leonor de Almeida Prado, uma das pioneiras da família Almeida Prado que aqui chegaram em 1858. Faleceu em 1895. Foi casada com Francisco de Assis Bueno


Orozimbo Loureiro, importante político local, os ramos de café em sua sepultura demonstram o status.


O famoso túmulo da "noiva" - estátua em mármore carrara pertencente a família Toledo de Arruda também chama-se "Saudade" e foi encomendada na Europa. Pedidos de casamento são feitos neste túmulo.


São Miguel da Virgem Dolorosa e a famosa "Caveirinha", que segundo a crença local atende os pedidos daqueles que enfiam os dois dedos nas cavidades oculares da caveira. 


Coluna quebrada simboliza a morte de um jovem...


...neste caso o do jovem João Cantarelli Netto, falecido em 25-12-1918 vitimado pela gripe espanhola.


Outra curiosidade no cemitério são estas duas estátuas de costas uma para a outra. Um anjo masculino e outro feminino que abrigam a mesma pessoa...


...Annita Toledo esta neste túmulo...


...e seu nome consta neste outro também.


"Per Crucem ad Lucem" - Pela Cruz se chega a Luz. A utilização do latim era comum no início do século passado no ornamentos mortuários. 

O túmulo acima pertence ao casal Alvaro Carlos de Arruda Botelho e Maria de Andrade Egas Botelho.



Única lápide escrita em inglês no cemitério de Jaú, pertence a Robert Curwen Brooke, falecido em 1921 Pesquisando sobre quem foi este inglês, no obituário encontramos: nome - Roberto Brooke (era comum aportuguesar o nome dos estrangeiros); profissão - "empregado" (hum, não ajudou muito); nacionalidade - "Ingraterra" (o único inglês morto em nosso cemitério é um "ingres") e por fim; motivo do óbito - "firmento por arma de fogo". Em 1921 menos de 50% da população sabia ler e escrever. Neste caso o letrado que trabalhava no cemitério escreveu como ele falava, ou seja em bom "caipires" eta.


Túmulo do primeiro jauense a se formar em medicina, Dr. Antonio Pereira do Amaral Carvalho. Hoje o Hospital Amaral Carvalho é reverencia internacional em tratamento do câncer. As corujas simbolizam a ciência e a sabedoria.


Epitáfio no túmulo do quarto prefeito de Jaú, Dr. João Costa, em português arcaico.


Túmulo do herói nacional, Comandante João Ribeiro de Barros...


... no detalhe da obra feita por Roque de Mingo, a esquerda de Jesus Cristo temos os ramos de palma, que simbolizam a ressurreição, a direita ramos de café, alusão a riqueza da família. Na altura das orelhas de Cristo as palavras em latim "Ecce Homo", Eis o Homem, palavras ditas por Pilatos ao apresentar Jesus a multidão em seu julgamento. É utilizado este dizer em túmulos de heróis...


...pois o Comandante João Ribeiro de Barros foi o primeiro americano a atravessar o Atlântico num voo sem escalas em 28 de abril de 1927.


Agradecimentos a Primo Carbonari do Amplavisão.


Foto mortuária no túmulo de Regina Iolanda Perlati - costume da época - única foto deste gênero na necrópole jauense.




Túmulo do Dr. Julio Speranza, primeiro médico a erradicar-se em Jaú em fins do século XIX...


... e provavelmente o primeiro italiano em Jaú. 


Capela do Criolando...


...ou Coriolando Rodrigues. Criolando como era mais conhecido tinha a premonição de saber quando uma pessoa acabava de falecer na cidade. Era portador de leve deficiência mental, figura dócil, andava com seu cavalo de pau por toda a cidade até ser avisado por um anjo que segundo seu próprio relato indicava a residência do recém falecido. Levava flores para a família.


Vídeo sobre a História do Criolando

domingo, 17 de julho de 2011

Jahu e a Revolução Constitucionalista de 1932


    Por ocasião da revolução redentora dos Paulistas, Jaú deu mostra da sua grande tradição democrática e do seu imenso amor à liberdade. No dia 12 de julho, terça feira, o jornal “O Comércio do Jahu” estampava na sua primeira página: “Constituição pelas Armas”.
Paralelamente, o então prefeito municipal Sinval de Souza Ribeiro e aas figuras de proa da ocasião como Carlos César, Orozimbo Loureiro, Raul Aguiar, Cecil Weiss, Bento Ferraz Prado, José Augusto de Souza e Silva, Alfredo Sérvulo Romão, Apolônio Hilst (pai de Hilda Hilst), Miranda Jr e outros, começaram a exortar a população para o alistamento militar.
O primeiro local de alistamento foi a Academia Horácio Berlink seguida pela Prefeitura Municipal.
A Comissão Municipal de Alistamento ficou a cargo de José Augusto de Souza e Silva, José Toledo de Moraes e Álvaro Gomes dos Reis.
Já na noite de 17 de julho, saudada por uma multidão de cerca de 5000 pessoas, seguiu para São Paulo, no trem noturno, o primeiro grupo de reservistas de Jaú e região. Esse grupo foi incorporado ao 2º Batalhão 09 de julho, formado no Clube Comercial de São Paulo e lutou bravamente na região de Apiaí, Guapiara e depois em Vitorino Carmilo sob as ordens do Cel Tenório de Brito da FP. Tinha perto de 200 componentes.
No dia 27 de julho, ao meio dia, embarcaram para Botucatu os primeiros 160 combatentes que faziam parte da Primeira Companhia do Batalhão Jauense de Voluntários.
No dia 2 de agosto seguia para o mesmo local, porém sobre caminhões, a 2ª Companhia com 108 voluntários. As duas Companhias foram lutar no médio Paranapanema, nas cidades de Ourinhos, Bernardino de Campos, Piraju, Ribeirópolis (Taguai), Taquari (Taquarituba) e Fartura. O Comandante do Batalhão Jauense de Voluntários era o Cel-FP Tubal dos Santos Schneirer.
O Major Ascânio Martins Soares e o Capitão Antonio Carlos de Arruda Botelho foram sub-comandantes (eram civis comissionados)
Muitos outros embarques, menos numerosos, ocorreriam depois.
Além disso, mais de uma centena de outros jauenses foram para a luta incorporados a outros batalhões e estiveram presentes em todas as frentes de batalha.
Nossos mortos foram:
Ascânio Martins Soares (voluntário: morte acidental)
Julio Pinheiro (voluntário: morte decorrente de prisão)
Arsênio Guilherme (soldado PM – morte em batalha)

Texto – Sociedade Veteranos de 32 MMDC de Jaú (Fundada em 23 de maio de 2003


Trecho do Jornal das Trincheiras nº 10 noticiando  a apresentação do aviador  Comandante João Ribeiro de Barros 




Túmulo onde estavam os heróis jauenses, Major Ascânio, Julio Pineiro e Arsênio Guilherme. 
Detalhe do túmulo - Folhas de café, traços do modernismo, espada ereta simboliza "avante" e os dizeres  no Brasão de Armas de São Paulo na época da Guerra "Pro São Paulo Fiant Exima" - Faça-se por São Paulo o melhor. Detalhe, o Brasão correto é "Pro Brasilia Fiant Exima" - Faça-se pelo Brasil o melhor, como estávamos em guerra, faça-se por São Paulo.


domingo, 10 de julho de 2011

Lançamento do livro do José Renato de Almeida Prado - Tampa de Baú

No dia 8 de julho, as 20h, no magnífico prédio do Jahu Clube, o jornalista José Renato de Almeida Prado lançou o livro "Tampa de Baú". José Renato é o maior cronista jauense na atualidade.

Eu e o escritor José Renato

Adão Levorato e José Renato


Daiane Viesser, Julio Polli e Joice Crespilho


Ítalo Poli Jr, Waldete Cestari, esposo, Juliana Parra e Carmem Dangió


Fila para o autógrafo


A Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú, Jaci Toffano e sua filha presentes no evento